Eram elas: “Maria Madalena, Joana, Maria mãe de Thiago e outras mulheres…”. O que representa este bando tão desacreditado, incapaz de ser digno de nota? Representa:
- a humanidade perdida que, às apalpadelas, procura Deus, geralmente em lugares onde Ele não se encontra. Ainda hoje, teimamos em procurá-Lo nas esquinas da morte, no vale da cova, mas Ele não está lá;
- a sociedade aflita, que, ao perceber ser visitada pelos problemas e cruzes, não suporta o peso e automaticamente recorre a Deus, por meio de novenas, preces, devoções, a fim de que Ele a recorra o mais rápido;
- um punhado de cristãos, sensíveis a partir de dentro, que passam sua vida batismal buscando corrigir o erro, acertar o passo, endireitar o que entortou, levantar o que caiu, aquecer o que esfriou. Aqueles que sonham em reacender o fogo do amor, tudo para encontrar Deus!
Se a Ressurreição é um mistério, se ninguém pode prová-la matematicamente, que certezas temos para crer nesta Doutrina? Muitas! Para além das testemunhas, do túmulo vazio, da pedra removida, da presença dos Anjos!… Deus quis contar com a parcela mais desacreditada da sociedade, as mulheres, a fim de que elas pudessem ser as primeiras testemunhas do Ressuscitado!
É Deus que, em Jesus, quebra com o Mistério da Ressurreição, o preconceito vigente, derrubando muros, cadeias, machismo, e dizendo que um coração cristão só será ressuscitado quando ele atingir o verdadeiro patamar da sensibilidade.
Hoje, como não lembrar de tantas Marias espalhadas pelo Brasil afora, verdadeiras heroínas que, todos os dias, ainda que imperfeitamente, recorrem ao túmulo escondido e esquecido do Sacrário, para levar perfumes a Jesus? Pessoas que servem por amor; sabem que nunca serão ordenadas, mas, amorosamente, trazem velas para a igreja, devolvem o dízimo, lavam os paninhos do Senhor, limpam o altar… Gente sem Teologia, mas de profunda fé!
Ah! O que seria daqueles onze covardes, medrosos, irascíveis homens, sem o grupinho das insignificantes mulheres? No passado, a Igreja de Corinto alertou que elas, ao entrarem na Sinagoga, deveriam ficar de boca calada, sem levantar os olhos… nem conseguiam, por causa do peso do véu… Hoje, o que seria das nossas liturgias sem elas, das nossas pastorais, equipes e movimentos?
Quando se ama do jeito de Jesus não se preocupa, primariamente, com os créditos; mais cedo ou mais tarde, eles aparecerão. Sob o peso do machismo, Jesus viveu, mas, com esta ferramenta, nunca comungou; deixou-nos, no plano físico, mas com uma catequese simples e rara: “As primeiras testemunhas não foram os onze, os vocacionados, os ordenados, mas as mulheres, as desacreditadas”. Porque é próprio de Deus transformar a inadimplência em crédito, o pecador em santo, a morte em vida!